AP02
E quando nós, somos os “outros”?
Coordenação:
Vanessa Fonte Oliveira (UFSC)
Debatedoras:
Letícia Jôkàhkwyj Krahô (UFG)
Marta Quintiliano (UFG)
Nós, negras(os), indígenas e quilombolas, viemos da linhagem da oralidade. Os caminhos acadêmicos são novos itinerários, porém, percebemos que são rumos importantes para exteriorizar nossas lutas. Nossas trajetórias muitas vezes, mesclam com “objeto e a problemática de estudo”, e nesses embaralhados de teorias e metodologias, desenvolvemos novas formas científicas.
Nesse sentindo, o Ateliê de Pesquisa propõe discutir a produção de antropologias afro-indígenas, realizadas por negros, indígenas e quilombolas. Diante disso, pretendemos debater os desafios, as dificuldades e a repercussão desses estudos nas Comunidades e na área da Antropologia.
Palavras-chave: Antropologias; Trajetórias; Afro-indígenas;
AP03
Escrita negra ou “escreviência”, pode o negro escrever?
A proposta central do GT aqui apresentado é a criação de um espaço de diálogo entre pesquisadoras e pesquisadores negros que trazem ou estejam buscando trazer em suas escritas a “escreviência”, termo cunhado por Conceição Evaristo e que representa a escrita localizada racial e subjetivamente, carregada direta ou indiretamente de vivências, anseios e subjetividades de sujeitos negros em processo de formação intelectual.
O GT visará abarcar principalmente estudantes contemplados por projetos de ações afirmativas em cursos de gradação e pós-graduação, a fim de trazer à tona inquietações, percursos e produções ligados aos desdobramentos da maior entrada de estudantes negros nas universidades após a implementação das políticas de ações afirmativas. Nesse sentido, esse espaço de discussão justifica-se pela percepção de que na última década houve um significativo aumento da produção acadêmica enfocada na discussão dos marcadores sociais da diferença e em perspectivas epistemológicas decoloniais.
Há assim, disposição em acessar conteúdos que foram elaborados a partir de experiências de escrita, isto é, experiências de campo de pesquisa, etnografias, de mapeamentos, projetos de saúde, projetos de educação, de assistência social, sendo eles canalizados para discutir e compreender as configurações de produção onde as escritas negras têm protagonismo epistemológico, teórico e metodológico, ou que se dão através da interlocução de ambos. Portanto, a ideia é reunir trabalhos onde a centralidade reflexiva esteja nos atravessamentos interseccionais de raça, classe, gênero e sexualidade no campo da Antropologia e em áreas afins.
Palavras-chave: Escrevivência; Escrita negra; Experiência; Interseccionalidade.
Coordenação:
Isadora de Assis Bandeira (Mestranda/UFSC)
Yérsia Souza de Assis (Doutoranda/UFSC)
Sessão 1 - 09 de outubro de 2019 – 8h30min às 11h30min
Bonecas Abayomis: ‘’Onde está a cura para o meu trauma?’’ - Nutyelly Cena de Oliveira (UFG)
Resumo: A partir de um processo histórico de traumas coloniais que permeiam os corpos da população negra, o trabalho propõe inicialmente compartilhar o modo como tenho desenvolvido oficinas afetivas de Bonecas Abayomis enquanto estratégia de cura, e as possibilidades e potencialidades de uma etnografia das oficinas para pensar nos modos como os sistemas representacionais e as práticas afetivas compartilhadas abrem caminhos para a construção de novas narrativas sobre as mulheres negras. A base estrutural desta reflexão está fundamentada nos campos epistemológicos e metodológicos acadêmicos de intelectuais negras para traçar reflexões acerca da condição social das mulheres negras e a forma como as oficinas atuam de maneira significativa na produção de estratégias de resistências frente ao racismo que perpassa nossa existência na sociedade.
Palavras-chaves: Mulheres negras; Bonecas negras; Abayomis
Parto, amor e dor: As narrativas das Meninas de Luz - Vanessa Fonte Oliveira (UFSC)
Resumo: As narrativas contribuem para os processos sociais e estão presentes nos corpos, nas linguagens, nas memórias, nas performances, etc. Dessa maneira, o texto tem como interesse refletir sobre narrativas e experiências de parto vivenciadas por mães, participantes de um projeto de assistência a jovens grávidas em situação de vulnerabilidade na cidade de Goiânia (Goiás). Nesse sentido, a proposta consiste em uma breve reflexão sobre as narrativas gestacionais, em especial sobre o evento do parto, relatado pelas interlocutoras durante a participação da minha pesquisa de dissertação, Meninas de Luz: Redes de afeto, desafios e experiências na gravidez e maternidade (2019). A pesquisa além de abordar minha experiência com a maternidade buscou compreender os processos constituídos, com base nas vivências de uma gestação, parto e pós-parto de meninas participantes do Projeto Meninas de Luz. Dessa forma, caracterizou os principais desafios, obstáculos, alegrias, bem-estar, dificuldades e os enfrentamentos de uma gestação no período considerado como “adolescência”.
Palavras chave: Gravidez; Adolescência; Parto; Violência;
REPRESENTAÇÃO, CONSCIÊNCIA E RESISTÊNCIA: TRAJETÓRIA DE ESTUDANTES NEGRAS NO ENSINO MÉDIO
Giovanna Barros Gomes
Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo:
Ao trabalhar enquanto co-orientadora de bolsistas de ensino médio no Projeto PIBIC Ensino Médio/CNPq/UFSC: “Universos em diálogo:Direitos Humanos, Antropologia, Educação e Diversidades na formação do Ensino Médio” vinculada ao Projeto de Pesquisa apoiado pelo Edital 038/2017 CAPES/MEC/SECADI “Direitos Humanos, Antropologia, Educação: experiências de formação em Gênero e Diversidades”, coordenado pela Profª Drª Miriam Pillar Grossi, no Núcleo de Identidade de Gênero e Subjetividades (NIGS). Tivemos estudantes que se auto-reconheceram enquanto negras e realizaram pesquisas em suas escolas, onde relataram casos referentes a discriminações e violências raciais. Estes depoimentos me mostraram à importância do estudo das violências sexistas e racistas no ambiente escolar. O que acabaram por me remeter ao meu lugar de estudante de ensino médio negra e paulista em Florianópolis, o que me incentivou a dar voz a estas jovens estudantes negras em meu trabalho de conclusão de curso de graduação em antropologia. Partindo do pressuposto que é através da educação escolar que se dão as primeiras interações sociais do indivíduo, esta pesquisa tem como objetivo trazer contribuições sobre relações de gênero e raciais envolvendo estudantes de ensino médio negras, e sobre os processos de resistência das mesmas no enfrentamento das situações de violência de gênero e raciais.
Palavras-Chave: Estudantes Negras - Violência Racistas - Ambiente Escolar
TORNAR-SE COTISTA: A AUTO IDENTIFICAÇÃO DURANTE AS BANCAS DE COTAS RACIAIS DO IFPR – PARANAGUÁ
Lauriza Lucia da Silva, Patrícia Martins
Resumo:
O presente trabalho é uma etnografia feita a partir das bancas de heteroidentificação de cotas raciais do processo seletivo do IFPR – Paranaguá de 2018. Nesse ano a banca modificou seu formato para a verificação dos candidatos, buscando, barrar a entrada de pessoas brancas, que buscavam com as cotas raciais se beneficiar de uma politica pública de democratização e diversificação do espaço acadêmico, mas, não é papel da banca fazer juízo de valores e punir os candidatos não-negros, isso é papel da instituição, a banca de heteroidentificação fica a função de analisar e dar seu parecer. Analisamos aqui os múltiplos processos de identificação que os candidatos à banca de cotas raciais acionam, para dessa forma se reconhecerem racialmente e reconhecerem os outros. O processo de auto identificação é singular nesse processo, pois não é espontânea e tem como finalidade acessar um benefício. O candidato através de uma performatização busca convencer a banca de cotas raciais à aprova-lo. Entretanto a banca, formada pela comunidade acadêmica, também possui suas convicções e posicionamentos, para analisar e dar seu parecer. Dessa forma, entendemos o processo de heteroidentificação como uma via de mão dupla na identificação dos indivíduos dentro das bancas de cotas raciais.
Palavras-chave: Heteroidentificação. Identificação étnico racial. Cotas Raciais.
RE-EXISTÊNCIAS: NOTAS DE UMA ANTROPÓLOGA NEGRA EM MEIO A UM CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE MAGISTÉRIO SUPERIOR
Alexandra E. V. Alencar
Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo:
Graças às políticas de ações afirmativas com reserva de vagas nas universidades públicas brasileiras vivemos atualmente um período de visibilidade de negros/as, indígenas, pessoas de baixa renda, quilombolas, populações LGBTT+, dentre outras. Essas presenças diversas no contexto universitário nos convidam ao exercício reflexivo sobre o ser/fazer universidade. Contudo, ao concluir nossas formações em nível superior, nos encontramos nas lutas cotidianas de buscar oportunidades profissionais que abarquem esses/as sujeitos/as em um sistema capital que continua estruturado por várias perspectivas opressivas, como o racismo e o sexismo. Assim a partir das reflexões de Alberto Guerreiro Ramos sobre a relação entre o negro-tema e o negro-vida e do amor enquanto prática de liberdade de bell hooks, este artigo pretende tecer algumas grafias de re-existências diante da participação de uma antropóloga negra, em um concurso público para o cargo de magistério superior, na área de conhecimento de Relações Raciais, em uma universidade pública do sul do país.
Palavras-chaves: re-existências; concursos; negras